Por mais distante que o Oriente Médio possa parecer do nosso dia a dia, a escalada da tensão entre Israel e Irã, agora com o envolvimento direto dos Estados Unidos, nos atinge de forma direta, rápida e concreta. E falo isso não como analista, mas como empresário industrial que precisa, todos os dias, tomar decisões diante de um cenário cada vez mais imprevisível.
O risco de uma campanha militar mais ampla em uma região estratégica para o fornecimento global de petróleo traz consequências imediatas. Mesmo com o fim da política de paridade internacional, os preços dos combustíveis no Brasil não estão blindados. A alta do petróleo lá fora pressiona a Petrobras, que, cedo ou tarde, será forçada a repassar os custos. Isso afeta a todos: o consumidor na bomba, o transporte das cargas e, principalmente, a indústria, que depende majoritariamente do modal rodoviário.
Com 90% das mercadorias transportadas por caminhões, o aumento dos combustíveis pressiona os fretes, encarece produtos, gera inflação e corrói o poder de compra da população. Para quem exporta, o desafio é duplo: perder competitividade em um mercado global mais cauteloso e conviver com custos internos cada vez maiores.
Como empresário, o que mais me preocupa é a instabilidade. Cada nova tensão internacional se transforma, aqui, em incerteza nos investimentos, atraso em negociações e paralisação de planos. A indústria precisa de previsibilidade para avançar, e conflitos como esse empurram o mundo, e o Brasil, para um clima de espera.
Países emergentes como o nosso passam a ser vistos com mais cautela. O capital internacional se recolhe, o crédito encarece, e o empresário brasileiro precisa ser ainda mais resiliente para manter a roda girando.
Não controlamos os conflitos geopolíticos, mas podemos, e devemos, nos preparar melhor para os seus efeitos. Investir em energia renovável, ampliar a malha ferroviária, estimular o uso de modais alternativos e garantir um ambiente fiscal e regulatório estável são passos fundamentais para diminuir nossa exposição.
O mundo está em conflito, mas o Brasil precisa estar em construção. E isso depende de visão, planejamento e ação coordenada entre setor público e produtivo. Como empresário, sigo defendendo que a estabilidade, econômica e geopolítica, é a matéria-prima essencial para qualquer nação que deseja crescer de forma duradoura.
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