Quem já sentiu o ouvido “estalar” ou doer durante um voo ou mergulho sabe como esse incômodo pode estragar uma viagem. O problema tem nome: barotrauma — uma lesão causada pela diferença de pressão entre o ambiente externo e as cavidades de ar do corpo, como ouvido médio e seios da face.

“É muito comum em aviões, principalmente durante pousos e decolagens, e em mergulhos, quando a profundidade varia rápido demais”, explica Dra. Ana Beatriz Spina, otorrinolaringologista do Hospital Paulista. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 30% dos passageiros sentem dor ou pressão nos ouvidos em voos. Entre mergulhadores recreativos, 40% dos acidentes não fatais envolvem lesões no ouvido médio.

Além da dor, o barotrauma pode causar sensação de ouvido tampado, zumbido, tontura e até sangramento nasal. Em casos graves, há risco de perda auditiva temporária. Por isso, é essencial ficar atento aos sintomas e procurar ajuda médica se o desconforto persistir.

Nariz entupido é sinal de alerta

Rinite, sinusite e resfriados aumentam o risco, pois dificultam a equalização da pressão. “Se estiver gripado, o ideal é adiar a viagem ou o mergulho. Se não der, é importante conversar com um médico sobre descongestionantes — mas nada de se automedicar”, alerta a especialista.

Dicas para evitar o barotrauma:

- Masque chiclete, boceje ou engula durante decolagem e pouso;

- Use a manobra de Frenzel (tampar o nariz e engolir);

- Evite a manobra de Valsalva com força excessiva;

- Mergulhe devagar, igualando a pressão aos poucos;

- Evite viajar doente ou com o nariz entupido.

E vale lembrar: crianças são mais vulneráveis, já que suas tubas auditivas são mais curtas, dificultando a compensação de pressão.

Na dúvida, informe-se com um médico antes de embarcar — e garanta uma viagem sem dor de cabeça (ou de ouvido!).