A iminente reunião do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, que deve ocorrer neste mês, representa oportunidade para que os prefeitos da região adotem uma medida conjunta diante de tema que afeta diretamente a segurança viária: a regulamentação do mototáxi. A recente autorização estadual para que cada município decida individualmente sobre o serviço amplia a responsabilidade local. O avanço dessa discussão deve considerar dados concretos. Em maio, segundo o InfoSiga, 19 das 30 mortes no trânsito nas sete cidades envolveram motocicletas, em contraste com apenas oito no mesmo mês de 2024. O aumento de 137,5% nas fatalidades evidencia o risco da modalidade.
É compreensível que a pressão de empresas de aplicativo, sedentas por lucro, e a busca por alternativas de renda por parte dos cidadãos, que se submetem a subempregos, coloquem o mototáxi na pauta. No entanto, permitir esse serviço sem estrutura urbana adequada, fiscalização eficiente e políticas preventivas de trânsito amplia o risco à coletividade. A experiência de São Paulo, onde a Justiça suspendeu a operação de táxi por motocicleta, reforça que a implementação desordenada pode gerar mais problemas do que soluções. Embora o transporte por moto seja mais acessível e rápido, o custo social de possíveis acidentes, sequelas e mortes não pode ser ignorado pelos gestores públicos.
Pouco mais de duas semanas atrás, em um intervalo de menos de 48 horas, a atividade fez mais duas vítimas fatais em São Bernardo: um condutor e um passageiro morreram em tragédias distintas. O Consórcio, por seu papel de articulação regional, deve zelar pela coerência nas decisões que afetam as sete cidades. A criação de um grupo de trabalho é válida, mas insuficiente diante da urgência imposta pelos números de ocorrências. A próxima reunião entre prefeitos deve ser o momento de encerrar indefinições. Cabe aos líderes municipais estabelecer uma diretriz comum que priorize a integridade dos cidadãos. Proibir o mototáxi na região é decisão responsável frente ao cenário atual.
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