Admilson Ferreira dos Santos foi detido temporariamente e passará por audiência de custódia; ele foi preso em casa, no bairro Assunção
Matéria atualizada às 20h47
A Polícia Civil de São Bernardo prendeu na tarde desta quarta-feira (16) Admilson Ferreira dos Santos, 52 anos, suspeito de tentar matar o enteado, Lucas da Silva Santos, 19, por envenenamento com bolinhos de mandioca. A prisão temporária foi decretada pela Justiça de São Paulo após pedido da delegada Liliane Doretto, responsável pelas investigações.
O mandado foi cumprido por agentes do 8º Distrito Policial, que se dirigiram à residência do suspeito, no bairro Assunção, logo após a ordem judicial. Admilson deve passar nesta quinta-feira (17) por audiência de custódia para saber se a prisão será convertida em preventiva. Ele não possui passagem pela polícia.
Durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta, a delegada Liliane Doretto revelou que, na hora da prisão, o suspeito teria dito “Pode prender”. “Não sei se foi deboche ou se ele está apenas incrédulo. Como a substância ainda não foi encontrada, ele deve estar acreditando que esse fato vai impedi-lo de cumprir a pena por esse crime.”
A polícia aguarda resultado do exame. Inicialmente foi levantada a hipótese de envenenamento por “chumbinho”, porém, após conversa da autoridade policial com o diretor do HU (Hospital de Urgência), a tese é que a tentativa de homicídio tenha sido provocada por medicação controlada.
Lucas segue internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do HU, mas apresenta quadro estável, segundo informações divulgadas na manhã desta quarta pela Prefeitura de São Bernardo. “Foi desligada totalmente a sedação para avaliar possível sequela neurológica. Os resultados oficiais dos exames toxicológicos estão em andamento”, destacou a nota.
O padrasto se tornou o principal suspeito de cometer o crime, após reviravoltas no caso. Até o início da tarde de terça-feira (15), a suspeita era a irmã de Admilson. Porém, segundo inconsistências do padrasto durante depoimento e também com novas provas apresentadas pela sua irmã Cláudia Pereira dos Santos Daliessi, 43, o homem passou a ser o principal suspeito. Daliessi foi responsável por preparar e enviar os bolinhos de mandioca à família e foi considerada uma das principais suspeitas no início da investigação. Porém, novas informações divulgadas pela polícia revelaram que o próprio Admilson teria pedido para a irmã preparar o alimento, que também teria sido consumido pela família dela, e que ele mesmo teria entregado individualmente os alimentos para os familiares.
A delegada do caso disse que Admilson tentou atrapalhar a investigação e que apresentou um comportamento controlador. “Ele tem uma atuação teatral, tentou de tudo quanto é forma ludibriar a equipe, mas conseguimos elucidar esse caso com muita cautela. O crime foi premeditado porque ele não queria que o Lucas saísse de casa, por isso ele envenenou o jovem. Não há mais nada a ser somado nessa investigação, só aguardando o resultado do laudo”.
ABUSOS
A Polícia Civil de São Bernardo acusa Ademilson de abusar sexualmente de Lucas e de outras duas pessoas, na época as vítimas tinham entre 4 e 9 anos, conforme a delegada.
A esposa e mãe de Lucas, Rosemeire da Silva Santos, 52, afirmou em conversa com a delegada que sabia dos abusos, pois o acusado teria assumido para ela anos atrás. “A mãe disse ontem que acreditava que ele era o culpado (do envenenamento), pois no dia eles (Lucas e Admilson) tinham brigado. Antes ela não conseguia falar, mas depois que os filhos denunciaram os abusos ela se sentiu mais encorajada”, revelou a autoridade policial.
Antes de ser anunciado como principal suspeito do crime pela polícia, quatro, dos sete irmãos de Lucas, compareceram na terça-feira ao 8° DP (Distrito Policial) e falaram que não descartavam a participação de Ademilson, ou até mesmo autoria do crime - até o início da manhã, a tia, era a principal suspeita. De acordo com os familiares, a relação com o padrasto nunca foi boa e ele possui histórico de agressão contra os enteados.
Durante coletiva de imprensa, Doretto disse que os crimes de abuso aconteceram durante anos e que não há denúncias formais devido ao controle emocional sobre as vítimas, inclusive sobre Lucas. Além da tentativa de homicídio, os crimes de abuso sexual e violência doméstica, contra a esposa, também deverão contar no relatório final do inquérito.
Na quarta-feira, uma sobrinha de Admilson e prima de consideração de Lucas, Nayara Pereira dos Santos, denunciou ser uma das vítimas dos abusos sexuais. Ela disse que chegou a morar com ele durante um período quando era criança e que toda a família sabia das violações, porém ninguém procurou a polícia ou qualquer outro órgão para denunciar.
“A família inteira sabe que ele é assim. Ele começou a me violar quando tinha apenas 6 anos, passava a mão em mim enquanto tomava banho, mexia nas minhas partes íntimas. Teve que acontecer o pior para que ele seja finalmente preso. O Admilson abusou de todos os irmãos, mas ele sempre ameaçou, falava que ia matar, deixar de castigo e que ninguém iria acreditar na denúncia. Sem contar que ele é manipulador”, denunciou Santos.
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