A cobrança feita pela deputada estadual Ana Carolina Serra (Cidadania) sobre os rumos da Linha 20-Rosa do Metrô é medida coerente diante das incertezas que cercam o projeto. Como presidente da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da Assembleia Legislativa, a parlamentar propôs audiência com os principais responsáveis pelo transporte metropolitano estadual para que apresentem informações objetivas sobre o início das obras. Embora o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tenha reiterado o compromisso de começar os trabalhos a partir de Santo André, a ausência de posição oficial e o avanço mais visível na área da Estação Santa Marina, na Capital, indicam contradições que geram insegurança e frustração no Grande ABC. O Estado tem faltado com a transparência.
A situação remete a episódio ainda mal resolvido na memória regional: o abandono da Linha 18-Bronze. Anunciada como solução para ligar São Bernardo à Capital, via Tamanduateí, a proposta foi arquivada sob a justificativa de que sistema de BRT, um corredor de ônibus, atenderia melhor à demanda. No entanto, o novo modal sofre com atrasos na execução e não supre as conexões metroferroviárias prometidas. O caso acentuou o sentimento de descrédito da população com promessas de integração efetiva à rede sobre trilhos, e reforça a necessidade de acompanhamento rigoroso dos anúncios recentes feitos pelo governo paulista. A substituição de ligação definitiva por trilhos por alternativa menos abrangente, ainda inconclusa, gerou vácuo de confiança que não será superado sem compromissos claros.
O Grande ABC não apenas precisa do Metrô como acompanha de perto cada etapa de sua viabilidade. A Linha 20-Rosa, com 31 quilômetros e 24 estações previstas, permitirá conexão direta com importantes ramais, ampliando o acesso a serviços e empregos fora da região. O ramal tem potencial para reduzir desigualdades no acesso à mobilidade, promover desenvolvimento urbano e facilitar o deslocamento diário de milhares de trabalhadores. Por isso, exigir que os gestores públicos detalhem o andamento do projeto é atitude legítima e esperada. Não se trata de desconfiança sem fundamento, mas de zelo por uma região que já acumulou promessas não cumpridas. Cabe ao governo demonstrar, com atos, que desta vez o planejamento será respeitado e que o compromisso com as sete cidades vai além do discurso.
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