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Proteção aos que cuidam
Da Redação
23/06/2025 | 08:59
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A escalada de agressões contra médicos e demais profissionais da saúde, com mais de 4.500 casos registrados apenas em 2024, escancara cenário de insegurança crescente nas unidades de atendimento em todo o Brasil. A violência, que em muitos episódios ocorre sem qualquer queixa sobre o atendimento prestado, como no caso recente em São Caetano, revela problema estrutural que vai além da insatisfação do usuário: o despreparo do sistema para proteger seus trabalhadores. Profissionais que lidam com emergências diariamente não podem ser deixados à mercê de situações que envolvem ameaças, agressões verbais ou físicas. É preciso criar protocolos de contenção e fortalecer a segurança.

É necessário instituir arcabouço legal que garanta respaldo a quem atua na linha de frente da saúde. A proposta de delegacias específicas para casos de violência contra médicos é um passo nessa direção, mas deve vir acompanhada de legislação que estabeleça punições mais claras e eficazes aos agressores. A tipificação desse tipo de crime pode ajudar a coibir novos episódios, dando ao poder público ferramentas mais adequadas para lidar com situações que hoje muitas vezes terminam sem responsabilização. O respaldo jurídico é também forma de reconhecimento social da importância desses profissionais, que merecem não só valorização, mas proteção compatível com os riscos que enfrentam.

Além da segurança física, o cuidado com a saúde mental dos profissionais também deve entrar no centro do debate. O impacto emocional das agressões pode resultar em afastamentos, abandono da profissão e até quadros psiquiátricos graves. Um sistema de saúde que não acolhe seus próprios trabalhadores compromete sua própria sustentabilidade. Por isso, gestores públicos e privados devem incorporar ações permanentes de acompanhamento psicológico, não apenas como resposta a eventos traumáticos, mas como parte da estrutura de trabalho. O País precisa decidir se continuará tratando a violência como exceção ou se enfrentará o problema com a seriedade que a frequência dos casos exige.




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