É o que aponta a mais recente pesquisa de Sondagem Industrial Regional, conduzida pela Strong Business School em parceria com a Fiesp
Mesmo com crescimento robusto em 2024 e alta na produção nos primeiros meses de 2025, a confiança do empresário industrial do Grande ABC vem caindo. É o que aponta a mais recente pesquisa de Sondagem Industrial Regional, conduzida pela Strong Business School em parceria com a Fiesp, revelando um cenário misto de avanço produtivo e preocupações crescentes com o futuro.
A indústria de transformação da região cresceu 8,2% em 2024 — mais que o dobro da média da economia local (4,9%) e superior ao desempenho da indústria nacional (3,8%) e paulista (2,7%), segundo a Fundação Seade. Em abril deste ano, a utilização da capacidade instalada atingiu 76%, três pontos acima de março. A intenção de investimento também subiu, passando de 48,3 pontos em fevereiro para 56,8 em abril.
Apesar disso, o ICEI (Índice de Confiança do Empresário Industrial) caiu para 48 pontos entre março e maio de 2025, ficando abaixo da linha de otimismo (50 pontos). A queda está associada à preocupação com os rumos da economia nacional e à dificuldade de acesso ao crédito.
“O crescimento expressivo em 2024 foi uma resposta positiva do setor, mas a indústria ainda enfrenta gargalos importantes, como escassez de mão de obra qualificada e insumos caros”, afirma o economista Sandro Maskio, coordenador da pesquisa.
O avanço da produção não veio acompanhado de geração de postos de trabalho. Desde novembro de 2024, o número de empregados caiu em todos os meses, exceto fevereiro. Segundo os pesquisadores, a dificuldade para contratar está ligada à baixa taxa de desemprego e à falta de profissionais capacitados.
Além disso, empresários relataram piora nas finanças: margens de lucro encolheram e o crédito ficou mais difícil em meio ao ciclo de juros altos. O aumento nos custos de insumos, agravado pela desvalorização do real e dependência de importados, comprometeu ainda mais o caixa das empresas.
Enquanto as expectativas de demanda interna são positivas, com intenção de investir e contratar, o cenário para exportações é desanimador, pressionado por custos elevados e baixa competitividade internacional.
“A queda na confiança acende um alerta. O setor industrial precisa de um ambiente de negócios mais favorável, com menos burocracia, juros mais baixos e estímulos a investimentos”, defende o professor Luciano Schmitz, também coordenador da pesquisa.
A alta carga tributária segue como principal entrave, de acordo com os empresários ouvidos. Também preocupam os juros elevados, a escassez de capital de giro, a fraca demanda interna, a insegurança jurídica e a falta de trabalhadores qualificados.
A Sondagem Industrial Regional utiliza metodologia da CNI e Fiesp e tem como objetivo mapear a percepção de empresários sobre produção, emprego, estoques, finanças e expectativas no setor industrial do Grande ABC.
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