Um bairro rural que evoluiu ao longo dos anos, cresceu e hoje comemora 472 anos de história
Quarta maior cidade do Estado de São Paulo, com 810.729 habitantes, segundo o Censo Demográfico de 2022, São Bernardo comemora hoje 472 anos. Berço da indústria automotiva brasileira, a cidade possui uma história que se iniciou no século XVI, e que se transforma com o passar dos anos.
A comemoração, segundo o jornalista e historiador Ademir Medici, poderia ocorrer em várias outras datas. Entretanto, o lado religioso falou mais alto e optou-se pelo 20 de agosto, que o calendário litúrgico reserva ao santo Bernardo de Claraval, o padroeiro da cidade.
O santo francês foi introduzido na história local pelos monges beneditinos, que dão o nome São Bernardo à sua fazenda na Borda do Campo – como deram ao mosteiro paulistano o nome de São Bento e à fazenda de sua propriedade no Tijucussu – ou Tijucuçu –, hoje São Caetano ‘do Sul’. As fazendas São Bernardo e São Caetano receberam esses nomes em meados do século 18.
Ao longo da história, São Bernardo tem registros importantes século a século, desde o descobrimento oficial do Brasil.
SÉCULO XVI
Foi nessa época que ocorreu a oficialização e extinção da Vila de Santo André da Borda do Campo. É a vila famosa de João Ramalho, cacique Tibiriçá, índia Bartira, a primeira vila formada no planalto. Um povoado que teve por testemunhas nomes como os de Anchieta, Mem de Sá, Nóbrega, Leonardo Nunes e Martim Afonso. Tão importante e perdurou entre 1550 e 1560, apenas, e hoje forma em todas as resenhas e em todos os livros didáticos de história do Brasil.
Do ponto de vista de continuidade histórica, nada tem a ver com os atuais municípios de Santo André e São Bernardo ‘do Campo’, que comemoram, erradamente, a data de seus aniversários reportando-se à mesma vila quinhentista. Mas quanta riqueza encerra esta vila perdida no planalto de Piratininga.
Sua data referencial é o 8 de abril de 1553. Neste dia era levantado o pelourinho na povoação que João Ramalho fundou. Oficializava-se o primeiro povoado brasileiro longe da costa. A vila de João Ramalho deixará como marca maior o nome ‘Borda do Campo’, expressão genérica que identificará significativa parte da região por longo período, algumas áreas até o século 19.
SÉCULO XVII
A São Bernardo do Século 17 tem como principal marca o início da formação das grandes fazendas. E a ocupação destas fazendas, entre elas as dos beneditinos, situadas nos atuais municípios de São Bernardo e São Caetano, e Fazenda Oratório, abrangendo parte considerável do atual território de Santo André, dentro do Distrito de Utinga, e atingindo partes do atual município de Mauá e Zona Leste de São Paulo.
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SÉCULO XVIII
Este é também o século do surgimento dos primeiros bairros rurais da região. Registro de terras feito entre 1854 e 1856 indica que os sítios mais numerosos, por ordem alfabética, foram: Rio Acima, Alvarenga, Apiaí, Curral Grande, Rio Grande, Meninos, Rio Pequeno, Pilar, Tamanduateí, Varginha, Vianas e Vila – nomes que sobrevivem até hoje.
SÉCULO XIX
Constituição da Freguesia de São Bernardo, espécie de distrito de São Paulo, Capital, ocupando o espaço aproximado do que é o Grande ABC hoje. Construção, na década de 1860, da estrada de ferro São Paulo Railway, que corta a região e que deixa como herança histórico-cultural a vila de Paranapiacaba. Criação, a partir de 1877, nas antigas fazendas, dos núcleos coloniais, ocupados por mão de obra estrangeira, de imigrantes, em especial italianos, mas não só. Surgem os núcleos de São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires.
Freguesia de São Bernardo é elevada à condição de município autônomo, com o mesmo nome de São Bernardo: criação em 1889, instalação em 1890.
SÉCULO XX
Período da transformação do rural em urbano, da industrialização acelerada, da formação da Represa Billings (a partir dos anos 1920), dos grandes loteamentos urbanos, da construção da Via Anchieta e da Rodovia dos Imigrantes e, a partir dos anos 1960, das favelas. Formam-se os sete municípios que constituem o Grande ABC, todos originados da antiga Freguesia e, depois, município de São Bernardo. Nos últimos 20 anos do milênio, os espaços das antigas chácaras transformadas em indústrias de ponta passam a ser ocupados por conjuntos habitacionais de várias classes e pelo setor terciário e de serviços.
SÉCULO XXI
Um quarto do primeiro século do novo milênio praticamente vencido. O sistema viário se vê acrescido pela passagem do Rodoanel Mário Covas, que não resolve o transporte interno de passageiros, daí os projetos de novos sistemas – ainda em desenvolvimento. A guerra fiscal e a desindustrialização caminham de mãos juntas. Cresce o setor terciário. Buscam-se soluções com organismos como o Consórcio Intermunicipal, ora boicotado por um, ora por outro município.
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