Após flagrante, Natália de Souza teve liberdade provisória, mas será processada pelos ataques e prejuízo de R$ 30 mil ao Hospital Márcia Braido
Após agredir funcionários do Hospital Infantil e Maternidade Márcia Braido, em São Caetano, no último sábado (14), a assistente administrativa Natália Carvalho de Souza, 27 anos, foi presa por 24h e liberada, mas vai responder na Justiça pelos danos causados.
Além da agressão, física e verbal, a duas médicas, dois seguranças e uma técnica de laboratório, ela danificou equipamentos, gerando um prejuízo estimado, pela gestão da unidade, em R$ 30 mil. A agressora será acionada judicialmente, tanto pela Prefeitura e Fundação do ABC, responsáveis pelo hospital, como pelas vítimas.
A informação foi dada ao Diário pelo diretor técnico do Complexo Hospitalar de Clínicas, Arthur Rente, e confirmada por uma das vítimas, a médica Gabriela Macul, 28, que atendeu, por volta das 23h, o filho de Natália, de 3 anos e 11 meses, com sintomas gripais.
“Atendi a criança, em apenas um minuto após a triagem, com todo amor. O teste dele para Influenza deu positivo e eu entreguei um atestado de sete dias. A mãe quis um para ela também e expliquei como é a lei e que ela teria um atestado de horário. Ela se exaltou e começou a gritar, com xingamentos de baixo calão. Minha mãe, que é médica também e atendia na sala ao lado (Miriam Macul, 60), entrou para pegar um carimbo e tomou um chute nas costas e já no chão levou chutes e socos. Foi impossível contê-la”, contou.
A agressora ainda arranhou o rosto de Miriam, o que causou infecção, de acordo com Gabriela, que também recebeu vários socos e diz estar traumatizada. “Minha mãe tem 38 anos de medicina e nunca passou por isso. Minha perna está com hematomas dos chutes que levei”, disse.
Os ataques, que duraram cerca de 40 minutos, atingiram ainda dois seguranças que tentaram intervir – um deles com mordidas no braço e outro com socos e arranhões, segundo boletim de ocorrência – e uma técnica de laboratório, que recebeu uma cabeçada. Segundo Rente, ela danificou quatro computadores, um microscópio, o tótem de senhas eletrônicas, portas e cadeiras.
Para preservar a cena do crime, pacientes foram transferidos para o Hospital Zerbini, que assumiu os casos emergenciais até a liberação do prédio, na manhã do domingo (15), após a realização de perícia e liberação pelas autoridades policiais.
A agressora foi levada à Delegacia de Polícia de São Caetano e presa em flagrante, mas liberada no dia seguinte após audiência de custódia. De acordo com o TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), a liberdade é provisória e foi dada mediante o cumprimento de medidas cautelares. Natália não poderá mudar de residência sem autorização, nem se aproximar do hospital (limite de 100 metros), e ainda terá que, além de informar suas atividades bimestralmente em juízo, manter e comprovar a frequência ao tratamento realizado junto ao CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
O diretor afirma que as médicas e os seguranças não revidaram em nenhum momento. “Eles só tentaram deter, mas não encostaram a mão nela. O marido estava lá e não fez nada, e o filho pedindo para a mãe parar e irem embora. Eu nunca vi algo igual”, destacou. “As duas médicas que ficaram mais machucadas e um dos seguranças ainda estão afastados e vão ser avaliados por um médico do trabalho para definir quando estarão aptos. Estamos dando todo apoio para a equipe, tanto jurídico como emocional, porque abalou todos, que estão com medo de trabalhar.”
O presidente do Sindmed ABC (Sindicato dos Médicos do Grande ABC), José Roberto Murisset, disse que está colocando o departamento jurídico do sindicado à disposição profissionais. “Foi lamentável e bastante grave este episódio, e chamamos a atenção para a crescente de casos de agressões. Tem acontecido muito, seja pela recusa de uma receita, exame ou qualquer direito que a pessoa acredita que tenha. Devido a esse aumento, o Conselho Federal de Medicina fez, em 2024, um pedido ao Ministério da Justiça para que haja um maior endurecimento das leis”, ressaltou. (colaborou Natasha Werneck)
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