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Homem que retirou coração da tia deixa hospital psiquiátrico; entenda o caso

O caso ocorreu em 2019, poucos dias depois de Lumar se mudar de Campinas para a casa da tia, Maria Zélia da Silva, de 55 anos, no interior do Mato Grosso

Da Redação
24/06/2025 | 10:15
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FOTO: Reprodução


Após quase cinco anos de internação por um crime que chocou o país, Lumar Costa da Silva, de 34 anos, deixou o hospital psiquiátrico em Cuiabá (MT) e passará a ser acompanhado pelo sistema de saúde mental em Campinas (SP). Ele foi absolvido em 2022 por inimputabilidade penal após matar a tia e entregar seu coração a uma prima, em julho de 2019, no município de Sorriso (MT).

A decisão que autorizou a transferência foi assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, com base em laudos médicos que atestaram “estabilidade clínica”. Lumar agora deve cumprir medidas de segurança fora do regime de internação, sob supervisão contínua do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) em Campinas.

Entre as restrições impostas pela Justiça, ele está proibido de sair da cidade sem autorização, de frequentar bares, prostíbulos ou locais semelhantes e de consumir álcool ou drogas. A medida é válida por tempo indeterminado.


Crime brutal e histórico de surtos psicóticos

O caso ocorreu em 2019, poucos dias depois de Lumar se mudar de Campinas para a casa da tia, Maria Zélia da Silva, de 55 anos, no interior do Mato Grosso. Após discutir com a vítima, ele a matou, retirou seu coração e o levou até a filha dela.

No depoimento à polícia, Lumar alegou ter ouvido “vozes do universo” que o mandaram cometer o assassinato. À época, ele declarou não se arrepender do que fez. Antes do crime, já havia histórico de comportamento agressivo: segundo a polícia, tentou matar a própria mãe em Campinas e foi transferido para uma quitinete após desentendimentos com a tia.

Durante o transporte para a prisão, dias após o assassinato, tentou enforcar outro preso dentro do camburão.

Diagnóstico de transtorno bipolar e uso de alucinógenos

Laudos médicos apresentados à Justiça confirmam que Lumar sofre de transtorno afetivo bipolar do tipo I, com histórico de surtos psicóticos agravados pelo uso de substâncias como LSD. O quadro inclui alterações de humor intensas, impulsividade, perda de juízo crítico e comportamento agressivo.

De acordo com o psiquiatra forense Rafael Giusti, autor do laudo mais recente, o uso de drogas psicodélicas contribuiu significativamente para o agravamento do quadro. “Não restam dúvidas de que o periciando padece de Transtorno Afetivo Bipolar”, afirmou o especialista, recomendando tratamento ambulatorial intensivo e acompanhamento por tempo indefinido.

Medida gera debate sobre riscos e suporte

A transferência de Lumar para acompanhamento fora de hospital psiquiátrico reacende discussões sobre os limites entre justiça e saúde mental em casos de violência extrema. Embora os laudos apontem estabilidade, o próprio Judiciário reconhece que o risco não está eliminado, exigindo monitoramento constante.

A Promotoria não se opôs à mudança, desde que cumpridas todas as condições determinadas para preservar a segurança da comunidade e garantir o tratamento adequado ao paciente.




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