Política Titulo Reinvenção
PSDB chega aos 37 anos com futuro de incertezas

De protagonistas pelo Brasil e Grande ABC, tucanos buscam adequar sigla à nova realidade

Bruno Coelho
25/06/2025 | 04:00
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Arte: Eder Marini


Outrora um dos pilares da política brasileira e protagonista de alternâncias no poder na presidência da República, o PSDB hoje se desenrola em um cenário de incertezas nestes 37 anos de vida, celebrados hoje. O partido ainda discute o seu futuro, que quase se desenrolou em uma incorporação com o Podemos, e agora mira uma nova federação com outras siglas. Pelo Grande ABC, a legenda despencou de 27 para seis vereadores e tem em Santo André a sua maior vitrine no Estado em que governou por quase três décadas.

Fruto de uma dissidência do antigo PMDB - atual MDB -, o PSDB foi às urnas para as eleições municipais em 1988, quando tinha menos de seis meses de vida partidária. Quatro anos depois, alcançaria pela primeira vez o governo de uma cidade do Grande ABC, em Rio Grande da Serra, com José Teixeira. O partido também alcançou, naquele mesmo 1992, o comando de importantes capitais brasileiras, como Salvador (BA), Vitória (ES), Macapá (AP), Teresina (PI) e Porto Velho (RO).

Mas foi a partir de 1994 que os tucanos se colocaram como força dominante na política nacional e no Estado de São Paulo. Com Fernando Henrique Cardoso, visto como pai do Plano Real, o partido chegou à cadeira da presidência da República, onde permaneceria por oito anos, enquanto que Mário Covas dava início a uma hegemonia tucana de quase 28 anos no posto de governador de São Paulo, quebrada somente em 2022.

Entretanto, os tempos de auge do partido se encontram no retrovisor e os tucanos chegam a mais um ano de existência com o desafio de recolocar o partido nos trilhos do protagonismo no cenário nacional, estadual e também no Grande ABC. Em 2016, o tucanato chegou a governar quatro cidades da região ao mesmo tempo: Santo André, São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra. A partir da eleição de 2020, a sigla contaria com 27 vereadores distribuídos nas sete cidades.

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Depois de tantas brigas internas e esvaziamentos, o PSDB colheu resultados nos pleitos municipais de 2024 que colocam em xeque o seu futuro. A legenda não elegeu nenhum prefeito pelas capitais brasileiras, enquanto que em São Paulo, a sigla sequer alcançou uma cadeira de vereador. Tal cenário que também se consolidou por grande parte da direita brasileira passar a ser guiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que concentra a polarização com o PT do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesse mesmo ano pelo Grande ABC, a representatividade do tucanato nas sete Câmaras despencou para seis parlamentares, ao mesmo tempo que Gilvan Ferreira passou a ser, em Santo André, o único prefeito tucano entre as 39 cidades da Região Metropolitana de São Paulo.

Presidente nacional do PSDB e ex-governador de Goiás, Marconi Perillo disse ao Diário que a legenda buscou manter a coerência, mesmo quando isso tenha significado ficar “fora das estruturas de poder”: “Seguimos firmes, dialogando com outras forças políticas para fortalecer o ‘centro democrático’. Continuamos a oferecer ao País uma alternativa responsável, comprometida com a democracia e com um caminho seguro para o Brasil”.

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Em busca de agregar forças para viabilizar o caminho para as eleições gerais de 2026, o PSDB ficou perto de fechar a incorporação com o Podemos, partido em ascensão no cenário eleitoral, mas divergências sobre o comando da nova sigla fez, por ora, essa união naufragar. Atualmente, a agremiação busca discutir uma nova federação com o MDB e Republicanos.

Parte da história do PSDB ao comandar duas vezes Santo André, além de obter sucesso quanto ao seu sucessor, o presidente estadual do partido, Paulo Serra, admite que a legenda precisa se adequar a uma nova realidade. “Agora o partido busca modernizar e atualizar para se reconectar com as pessoas. Então a política mudou muito, a forma dos partidos se comunicarem mudou bastante também”, disse.

Prefeito da maior cidade sob gestão tucana no Estado, que outrora era a fortaleza do PSDB no Brasil, Gilvan segue o mesmo raciocínio: “O futuro do partido está em se reinventar, sem perder sua essência: ser uma força de equilíbrio, de soluções reais, capaz de dialogar com todos os setores da sociedade. Os próximos desafios exigem coragem, conexão com a população e líderes comprometidos com um país mais justo e moderno”.




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