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Netflix grava série em Santo André sobre acidente com o Césio-137; veja fotos

Produção brasileira resgata a história do maior desastre radiológico fora de uma usina nuclear; cidade andreense ‘virou’ o Rio de Janeiro por um dia

Thainá Lana
29/06/2025 | 16:01
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Denis Maciel/DGABC


 Neste domingo (29), Santo André serviu de cenário para as gravações da nova minissérie brasileira da Netflix, Emergência Radioativa. Anunciada em maio, a produção retrata o trágico acidente com o Césio-137, ocorrido em Goiânia, em 1987, considerado o maior desastre radiológico em área urbana da história e um dos mais graves já registrados fora de usinas nucleares. Para as filmagens, parte do Paço da cidade andreense foi transformado por um dia no Rio de Janeiro e ambientou algumas das cenas que vão retratar o atendimento das vítimas. 

Mais de mil pessoas foram contaminadas e quatro morreram em decorrência direta da radiação com o Césio-137. Entre as vítimas, estava Leide das Neves Ferreira, uma menina de seis anos cujo caso comoveu o País. A tragédia, que completa 38 anos em 2025, revelou falhas graves na gestão de resíduos radiativos e expôs o despreparo das autoridades para lidar com um desastre desse tipo. (Leia mais sobre o acidente abaixo)

Criada pelo produtor e roteirista Gustavo Lipsztein e dirigida por Fernando Coimbra (Lobo Atrás da Porta), a produção dramatiza os esforços de físicos, médicos e autoridades para conter a contaminação radioativa que atingiu centenas de pessoas na capital goiana. A obra aposta no formato de thriller dramático e foge da abordagem policial, priorizando assim o impacto humano da tragédia. A minissérie ainda não tem data oficial de estreia.

As filmagens no município andreense ocorreram no Centro, na Praça IV Centenário. A equipe do Diário esteve no local e acompanhou parte das gravações iniciadas pela manhã deste domingo. O prédio da Câmara Municipal foi transformado no HNMD (Hospital Naval Marcílio Dias), que fica localizado no Rio de Janeiro. A unidade hospitalar da Marinha recebeu na época os pacientes que estavam em estado mais grave – o hospital é um centro de referência para acidentes radioativos no País.

Para ambientação da década de 1980, estavam distribuídos pela praça carros antigos de diversos modelos, como fuscas, chevettes, entre outros. Já os automóveis oficiais, como ambulâncias e viaturas da PM (Polícia Militar) do Rio de Janeiro, foram representados por veículos dos modelos Brasília, Santana, Kombi e Veraneio. 

O refeitório do prédio da Prefeitura de Santo André foi utilizado como camarim para os atores. Parte da equipe que participou das filmagens estava caracterizada como profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, e outra parte como civis, todos com roupas de época, policiais e motoristas de ambulância. 

Além do Paço Municipal, a fachada da E.E. (Escola Estadual) Américo Brasiliense também foi parte de gravação da minissérie brasileira. Equipes da produção fizeram ‘tomadas’ na unidade escolar. Questionada, a Netflix não informou por que escolheu Santo André para as filmagens e nem se novas cenas serão gravadas no município ou em outra cidade do Grande ABC. 

Segundo informações, a produção está sendo filmada desde o início do mês na Grande São Paulo, pela empresa Gullane. Uma das possibilidades para a escolha da cidade andreense como cenário seria a semelhança da arquitetura do prédio da Câmara Municipal de Santo André com a fachada do Hospital Naval no Rio de Janeiro. 

No início do mês, o serviço de streaming confirmou parte do elenco da produção. O ator Johnny Massaro (Deus Salve o Rei) será o protagonista de Emergência Radioativa, onde interpretará um físico. Outros nomes foram definidos como Paulo Gorgulho (Segunda Chamada), Bukassa Kabengele (Mania de Você), Alan Rocha (Amor Perfeito), Antonio Saboia (Deserto Particular), Luiz Bertazzo (Cidade de Deus – A Luta Não Para) e Tuca Andrada (A Magia de Aruna)

Foto divulgada pela Netflix do ator ator Johnny Massaro onde interpretará um físico na minissérie Emergência Radioativa

O ACIDENTE

Em setembro de 1987, dois catadores de material reciclável invadiram as instalações abandonadas do IGR (Instituto Goiano de Radioterapia) e encontraram um aparelho de radioterapia contendo o isótopo radioativo Césio-137. Sem saber do perigo, levaram o equipamento para desmontar. O material radioativo, que emitia um brilho azul, acabou se espalhando por bairros inteiros de Goiânia, contaminando pessoas, casas, objetos e até alimentos.

No CRCNCO (Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste), em Abadia de Goiás, estão enterradas 6.000 toneladas de rejeito radioativo em contêineres de concreto. Na época do acidente, as áreas da cidade mais expostas à radiação foram isoladas e o Estádio Olímpico se tornou um centro de triagem da população, onde nos três meses seguintes foram monitoradas cerca de 112.800 pessoas, de acordo com informações da Marinha.

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