Policiais civis do 4º Distrito Policial de Santo André flagraram, ontem, quarta-feira (30), um esquema de manipulação e distribuição ilegal de medicamentos à base de tirzepatida – substância utilizada no remédio para emagrecimento Mounjaro – em um imóvel na Rua das Figueiras, no bairro Jardim, área nobre da cidade. A ação ocorreu após duas denúncias anônimas.

“As informações diziam que no local o proprietário estaria manipulando e vendendo medicamento cuja a comercialização é proibida no Brasil”, explicou a delegada assistente, Nathalie Murcia Rodrigues dos Santos.

Segundo a Polícia Civil, no endereço, que funciona sob o nome Bras Medical, os agentes encontraram um grande volume de insumos usados na manipulação ilegal: cerca de 2.900 seringas, mais de 500 canetas aplicadoras e mais de 3.600 ampolas, além de frascos, embalagens, etiquetas falsificadas, cadernos de anotações com a lista de clientes e instruções de uso. Também havia caixas prontas para envio pelos Correios na caminhonete do responsável pelo espaço, identificado como Carlos Roberto Soares, 70 anos. Ele será acusado de crime contra a saúde pública.

Ainda conforme a investigação, a substância comercializada não possui procedência comprovada e era armazenada fora das condições adequadas, o que representa risco à saúde.

“As seringas de insulina eram compradas, esvaziadas e depois preenchidas com a substância para emagrecer. O local não tinha farmacêutico ou químico responsável, nem ambiente adequado para manipulação, o que representa risco para a saúde de quem usa esse produto”, pontuou a autoridade policial.

Segundo as informações, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não permite a manipulação do medicamento Mounjaro nem a comercialização em canetas injetoras por farmácias, já que o produto original só pode ser vendido com prescrição e fabricado exclusivamente pelo laboratório Eli Lilly. Um dos lotes apreendidos indicava fabricação no Paraguai e será periciado. 

Outros casos

Em junho, três homens foram detidos pela Delegacia de São Caetano por roubos de medicamentos emagrecedores de alto custo, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, realizados em maio em três farmácias do município, que somaram um valor de aproximadamente R$ 150 mil.