Rafael Torres acumula 13 consoles antigos e mais de 300 jogos diferentes em sua coleção
Entre idas e vindas com seus videogames e joysticks, o assistente técnico e morador de São Bernardo, Rafael Torres, 33 anos, encontrou sua paixão e vocação no universo dos jogos virtuais. Desde a década de 1990, ele mantém viva a vontade de reunir peças históricas do mundo gamer. Hoje, Torres possui 13 consoles retrô, três modelos mais modernos e mais de 300 jogos diferentes, em uma coleção avaliada em mais de R$ 30 mil.
O primeiro videogame do são-bernardense foi um presente do pai aos quatro anos. “Foi desde menino. Meu pai trouxe um Dynavision 3 em 1995, com seis jogos radicais. Ali começou minha paixão. Depois, em 1998, conseguimos um Nintendo 64 e um Sega Saturn, que eram na época o auge dos consoles”, lembra.
Para experimentar diferentes jogabilidades, Torres começou a trocar consoles com colegas e conhecidos. “Meu pai sempre trabalhou com assistência técnica e, às vezes, os clientes não tinham como pagar. Então, deixavam os videogames na loja e a gente pegava para trocar com os amigos. Minha infância inteira foi fazendo essas trocas, até conseguir 13 aparelhos”, conta.
A vida de colecionador, porém, nem sempre foi fácil. No início dos anos 2000, a mãe de Torres desaprovou o hobby e acabou jogando todos os consoles fora. “Foi tudo por causa da TV. Influenciaram as pessoas a acreditar que videogames e jogos de cartas eram coisas ruins. Minha mãe colocou todos os consoles em um saco de lixo e jogou fora”, lembra.
Determinando a reconquistar sua coleção, Torres começou a trabalhar aos 15 anos e, aos poucos, conseguiu reconquistar seus antigos aparelhos, além de acrescentar novos na coleção. Hoje, ele possui uma lista extensa: Famicom, Disk System, Gênesis, Mega Drive, Sega CD, PlayStation 1, Dreamcast, dois Cubes, Wii e Wii U, GBA, DS (primeiro modelo) e 3DS. “Meu xodó é o Mega Drive e meu jogo favorito é The Legend of Zelda: Ocarina of Time. O mais antigo que tenho é o Famicom de 1986”, destaca. Ao todo, o colecionador já investiu cerca de R$ 31 mil em consoles, cartuchos, discos e acessórios.
O hobby também se transformou em profissão. Desde 2019, Torres é assistente técnico na loja Bernô Retrô, em São Bernardo, que vende e conserta consoles antigos. “Comprei dois jogos na loja. Depois de um tempo, voltei e meu chefe comentou que precisava de alguém para consertar os aparelhos. Fiz um teste, consegui arrumar os consoles e aqui estou”, relata.
Em celebração ao Dia Internacional do Gamer, comemorado na última sexta-feira (29), uma pesquisa do Serasa, em parceria com os Gamers Club, revelou que 77% dos usuários gastam até R$ 250 por mês com jogos, expansões e outros itens.
O analista de sistema Júlio Gonçalves de Oliveira, 39, também de São Bernardo, já foi colecionador e chegou a ter 17 consoles. Porém, devido ao alto custo de manutenção e à falta de uso, acabou se desfazendo da coleção. “Comecei em 2012, mas vendi quase tudo. No Brasil, colecionar virou artigo de luxo. Tinha jogo que pagava R$ 30 e hoje só se acha por R$ 200. Com a venda, consegui R$ 12 mil com os consoles”, afirmou Oliveira.
De acordo com o colecionador Rafael Torres, o mercado de retrogames torna-se caro, justamente, pelo alto custo de manutenção. “Prefiro investir um pouco para manter o aparelho funcionando do que perder e ter que comprar outro, porque aí sim fica mais caro”, confirmou.
Na Bernô Retrô, os consoles mais procurados são os PlayStation 1 e 2. Torres observa que os clientes buscam reviver a nostalgia de sua infância, e muitos pais aproveitam para apresentar aos filhos as jogatinas de sua época.
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