Área foi arrematada em 2022 por R$ 124 mil em processo trabalhista; ação ocorreu de forma pacífica
Famílias deixaram um imóvel na Rua Luís Pinto Flaquer, no Centro de Santo André, após cumprimento de mandado de imissão na posse realizado na manhã desta quarta-feira (3), expedido pela 3ª Vara do Trabalho do município. A área foi arrematada em leilão judicial em 2022, em um processo trabalhista, e passou a pertencer ao novo proprietário.
Entre os atingidos está o servente de pedreiro José Valdenison, 42 anos, que morava no local. Ele contou que soube da decisão há cerca de 20 dias, mas permaneceu até o último momento por não ter para onde ir. “É difícil de entender a situação, foi de repente, estava trabalhando e tive que voltar para tirar minhas coisas. Agora vou ficar na casa da minha irmã em Diadema, até conseguir outro lugar para morar”, disse Valdenison.
Outro morador ouvido pela reportagem foi o vendedor ambulante Romero André da Silva, 42, que vivia na casa com a esposa, Ana Carolina Vieira da Silva, 31, e três filhas: Maria, de 10 anos, Maíra, de 7, e Alice, de apenas 7 meses.
Silva relatou que estava no imóvel havia sete anos e que chegou a investir em melhorias, como a instalação de água e luz. “Agora não temos para onde ir. Minhas filhas estão com a minha sogra, mas eu e minha esposa vamos ficar na rua. Não houve nenhuma ajuda, nem bolsa-aluguel ou indenização”, afirmou Silva.
O imóvel, de 297 m², fazia parte de uma disputa judicial iniciada em processo trabalhista na Vara do Trabalho de Piedade (Região Metropolitana de Sorocaba) e foi arrematado por R$ 124.995.
Segundo os oficiais de justiça responsáveis pela diligência, a ação ocorreu de forma pacífica e dentro do trâmite legal. Eles informaram que os moradores receberam pelo menos dois avisos sobre a decisão, sendo o primeiro há cerca de 20 dias.
O mandado de imissão na posse autoriza, se necessário, o uso de força policial, arrombamento e até prisão em caso de resistência. No entanto, a remoção em Santo André transcorreu sem incidentes.
Para Valdenison, o destino imediato será a casa de familiares. Já Silva, esposa e filhas ainda não sabem como vão se manter. “A gente só pede uma chance para recomeçar. Agora está nas mãos de Deus”, resumiu o vendedor.
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