Setecidades Titulo Artigo
O legado da simplicidade
Leandro Petrin
Advogado, especialista em Direito Eleitoral
17/05/2025 | 08:37
Compartilhar notícia
FOTO: Divulgação | Redes sociais


Nos últimos dias, o mundo perdeu três figuras notáveis cujas trajetórias, embora distintas em origem e atuação, convergiram num mesmo ideal de vida: a simplicidade como virtude e o compromisso profundo com o cuidado ao próximo. O Papa Francisco, o ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica e o médium espírita Divaldo Franco deixaram um legado que transcende fronteiras religiosas, políticas e culturais – um testemunho de que a grandeza humana pode florescer na humildade, no serviço e na compaixão.

O Papa Francisco, o primeiro pontífice jesuíta e latino-americano da história, marcou seu papado por gestos de renúncia ao luxo e por uma espiritualidade centrada nos pobres, nos excluídos e na dignidade de cada pessoa. Escolheu viver na Casa Santa Marta, recusando os aposentos papais tradicionais, e transformou o discurso da Igreja ao reafirmar que “a realidade é superior à ideia”, ou seja, que o amor concreto ao outro vale mais do que qualquer retórica.

Já Pepe Mujica, conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”, optou por uma vida despojada mesmo enquanto ocupava o mais alto cargo da República do Uruguai. Recusou regalias, doou grande parte do seu salário e manteve-se fiel a uma ética da coerência, em que o poder só fazia sentido se revertido em justiça social. Com seu estilo direto e sua sabedoria popular, Mujica denunciou os excessos do consumo e exaltou a liberdade que nasce da moderação.

Divaldo Franco, por sua vez, dedicou mais de sete décadas à divulgação do espiritismo e à prática do bem, sem jamais buscar fama ou fortuna. Fundou a Mansão do Caminho, instituição que acolhe e educa crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, e percorreu o mundo levando mensagens de paz, espiritualidade e responsabilidade moral. Em suas palavras e ações, expressou o amor ao próximo como lei universal da vida.

Esses três homens – um líder religioso, um político e um humanista – apontaram caminhos distintos que se encontraram na essência: o de uma vida voltada ao outro, desapegada do ego e centrada no bem comum. Em tempos marcados por desigualdades, polarizações e individualismos, o testemunho de Francisco, Mujica e Divaldo ressoa como um chamado urgente: o de que é possível viver com pouco e oferecer muito, que a verdadeira autoridade nasce do exemplo e que a maior riqueza humana está em servir com amor.

O mundo se despede deles com gratidão, mas suas lições permanecem como sementes que, se acolhidas, podem florescer em novas gerações dispostas a fazer do cuidado, da empatia e da simplicidade os pilares de um novo tempo.

Leandro Petrin é advogado, especialista em Direito Eleitoral e sócio do escritório Callado, Petrin, Paes e Cezar Advogados.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;